Quisera eu me fechar no silêncio noturno
das luzes da cidade
perder-me num sobrevoo livre
presa às asas de qualquer ave
Quem dera o meu tormento,
meu pranto e meu lamento
ecoassem do alto daquele rochedo
e estremecessem toda a Terra
Quisera eu ser ouvida,
ser sentida em minha essência...
Mas é vã a minha voz
é inútil o meu sentir
Cruzo a todo instante com tanto estranho
e é estranho o meu falar
Eu, que ordeno aos meus olhos
bloqueio a lágrima e forço o riso
atuo em tantos roteiros
dementes,
incoerentes,
inesperados,
desesperados.
Eu, tão atriz, tão personagem de mim
ainda fraquejo quando sou alvo
dessa retina que só existe nos meus olhos
Então, eu constato de novo
e mais uma vez:
francamente, cansei!
Eu, que tantas palavras calo
e que milhares de angústias disfarço
perdida nos meus anseios
ainda espero da solidão
ainda espero só.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
Soneto que nada diz
Para Antonio de Lira
Eu busco, amor, no meu íntimo o que te expresse
O sentimento veemente que me despertas
Mas é em vão, não há versos ou rimas certas
Toda poesia é pequena ao que me parece.
Toda palavra é confusa, logo emudece
Assim que vê o que deve ser traduzido
Então eu calo e te faço só um pedido
Aceite os versos, simplórios. Já anoitece.
E o verso puro que eu quis a mim recusou
Minha agonia já mostra meu insucesso
Eu sinto tanto e não digo. Está bem, confesso:
Sinto-me fraca e sei, pseudopoeta sou
Peço-te entenda a coragem desta aprendiz
Que te oferece um soneto que nada diz.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Soneto ao Silêncio
O
meu silêncio tem um quê de sagrado
Fica
guardado em teu olhar se desprende
Tanto
me diz quanto te quero ao meu lado
Fala
tão alto, teu olhar o entende
Deixo-o
guardado; meu silêncio só teu
Pois
sei que quando nossos olhos se amparam
Culto
sagrado: teu silêncio no meu
Eles
se guardam, nos protegem, se encaram
Nosso
silêncio, sentimento, tem tom
É
voz, sussurro, faz sorrir, dá prazer.
Pura
harmonia. Nosso amor faz-nos ver
Luz
por saber que ouvir silêncio é um dom.
Faz-nos
ouvir só o que carece de o ser
Há
melodia até na ausência de som
(Yvanna Oliveira)
Pequenos Vulcões
À frente do espelho: não vejo
há imensidões
que embaçam-me a face
e só me resta um ponto fosco de luz
preso no meu olhar
um traço fino já contorna-me os olhos
e o meu semblante vaga
por onde não sei
meus olhos são dois pequenos vulcões
que fervem aos meus tremores
e cada gota que emerge
escorre
se perde
e leva consigo
um pedaço de mim.
(Yvanna Oliveira)
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